Reconhecer o vazio é o inicio para a criação de um novo futuro

Este Natal queria ter uma experiência espiritualizada diferente. Afinal de contas, em Los Angeles — uma cidade com mais 4 milhões de habitantes e nacionalidades de todos os continentes e etnias — diversidade de igreja é o que não falta. Então, no dia 25 pela manhã, fui andando pelas redondezas procurando uma igreja e achei a igreja anglicana Saint Thomaz Church. Quando entrei, pela arquitetura, iluminação, violino ao fundo, incenso me senti na Inglaterra medieval. Só que o mais interessante foi notar as pessoas: apesar dos rituais bem tradicionais o clérigo era bem diverso na forma de se vestir, sexo ou orientação sexual.

E toda a combinação do tradicional com o moderno se solidificou quando o padre fez seu discurso. Ele dizia: “Deus criou o mundo do vazio. E nós, quando criamos algo, uma música, filme, poema… estamos manifestando o nosso divino também a partir do vazio. Não podemos resolver todos os problemas do mundo, mas podemos entender e reconhecer que dessa nossa vulnerabilidade e vazio podemos CRIAR o futuro e uma nova forma de beleza”.

Em meio a um ritual tradicionalíssimo vi o equilíbrio do velho com o novo. Aceitar a vulnerabilidade do nosso vazio é o primeiro passo para criação do futuro, um futuro com mais beleza. Por estar em um bairro com muitos artistas, roteiristas e cineastas enxerguei esse discurso como um reflexo do mindset dessas pessoas que criam obras de arte para todo o mundo. Então, a base dessas criações inovadoras é reconhecer que um espaço vazio é uma oportunidade para criar e manifestar o que é belo para você. No próximo ano desejo que todos vocês possam manifestar beleza em suas criações e atitudes para de alguma forma construirmos um futuro melhor na nossa comunidade e país.